Quando nem tudo é o que parece…
Existe aquela ideia de que o Natal é uma época de paz e serenidade, o momento certo e ideal para passar mais tempo em família… mas, na verdade, nem sempre é assim.
Numa época tipicamente marcada por intermináveis afazeres, listas de compras, alguns “encontros imediatos de 3.º grau”e, claro, agora uma pandemia que ainda se veio juntar à festa, é possível apontar inúmeras razões para o Natal ser uma altura do ano de maior angústia ou ansiedade. Eis algumas:
- Das famílias desestruturadas onde a “obrigação” de estarem todos juntos se torna um verdadeiro tormento;
- Às famílias aparentemente saudáveis em que o “ter” de parar para se estar uns com os outros, sem ser na correria do dia-a-dia, chega a incomodar;
- Passando pelas famílias pequenas que olham para as famílias grandes e cheias de tradições natalícias e se comparam, com alguma pena, por não partilharem da mesma experiência e, ainda, se sentem mal por pensarem dessa forma;
- E claro, as famílias grandes e tradicionais onde encontramos de tudo… desde os que acham que o Natal é assim e é com dificuldade que se revêem noutro contexto, aos paternalistas que ao verem famílias satélites mais pequenas querem “engoli-las” para dentro da sua. Os que acham que é tudo uma grande fachada ou, pior, “chachada”, às pessoas que não se falam durante o ano inteiro e, naquela noite, se comportam como sendo os melhores amigos (isto já para não falar naquele elemento da família que se estica sempre no vinho e fica sem filtro!).
- Há também a questão das limitações de ordem financeiras que parecem, ainda, maiores perante o desenfreado apelo ao consumo sentido nesta época do ano;
- Ou a solidão. Pessoas que não têm família, e que sofrem ainda mais numa altura em que “é suposto” estar junto dos que mais gostamos. Mas o que fazer se os que mais gostamos não podem estar connosco, seja por distância geográfica, questões profissionais ou outras? E se os que mais gostamos estão doentes, hospitalizados. Ou se já partiram?
- E as pessoas com fobia social, que não gostam de estar no meio de muita gente e não vêem alternativa numa época como esta?
Sugestões para minimizar a ansiedade da época:
- Defina os seus limites. Não tenha medo de dizer não;
- Seja realista, não crie demasiadas expectativas;
- Não faça comparações;
- Evite assuntos polémicos na escolha de temas de conversa;
- Defina o seu orçamento para as festas e cumpra-o;
- Simplifique as sua rotinas e afazeres. Delegue, se necessário;
- Cultive a gratidão e a atenção ao momento presente.
Importa ter em mente que mais importante do que o que pomos em baixo da árvore, é quem escolhemos para estar em torno dela.
E quem diz árvore, diz mesa! O que nos leva a outra das grandes angústias desta época, a questão da alimentação e dos excessos que cometemos.
Especialmente no Natal, mesa que é mesa tem de ser farta! Farta do bom e do menos bom, porque as tradições existem e, como bons portugueses que somos, fazem sentido serem mantidas.
É o que é.
Nessa altura resta-nos ter bom-senso e auto-controlo para saber o que podemos e devemos comer, preparar-nos para o que aí vem e, quando chegar a hora de sentar à mesa, fazê-lo “sem culpa”.
Consideramos imprescindível falar sobre estas questões, numa altura em que falta pouco mais do que uma semana para o grande dia.
Independentemente da situação individual e específica de cada um de nós, importa reforçar que quem se revê em alguma das situações acima descritas perceba que não está sozinho, que há muitas outras pessoas a viverem realidades idênticas.
A grande questão passa pela aceitação daquilo que temos, que faz parte da nossa história e do nosso percurso de vida. Na verdade, a maior ansiedade e angústia vem da permanente comparação que fazemos com as realidades que vivem ao nosso lado.
No fundo o que todos queríamos era continuar a viver a Fantasia do Natal como na altura em que “e o coelhinho foi com o Pai Natal no comboio ao circo…”.
Feliz Natal!
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